
*Manoel Domingos
(com Ilustrações do artista plástico e poeta Bráulio Menezes)
Capa de Braulio Menezes: o túnel ver- de da avenida parque. É uma sintonia e uma referência da
Bela Serpa, mas precisa ser preservado.
A minha família, Professores,
alunos e amigos.
A Anísio Melo, o artista múltiplo.
A todos os que respiram arte…
DEDICO.
COM A PALAVRA
Transformar a realidade e outras realidades é estar manuseando seus sonhos e seus ideais. No lápis ou no pincel, singram-se novas sensações. Quando criamos ou recitamos o poema, fazemos viagens pelas palavras
As razões que nos levaram a escrever Sintonias de Itacoatiara são múltiplas: a alegria, A educação, as amizades, a cidadania, as certezas e incertezas e, principalmente, a Arte que é a regeneração dos sentimentos através das palavras e das imagens. Quando ao mundo urge fundos de razões, ideais e princípios de cidadania nos encontramos e colocamos uma gota de sentido com a arte que é uma estrada para todas as razões…
Prof. e poeta Manoel Domingos
APRESENTAÇÃO
Anísio Mello
HAIKAIS DA TERRA E DA GENTE
Recebo das mãos do poeta Manoel Domingos o livro de haikais ” Sintonias de Itacoatiara…em haikais”, ainda em elaboração, pois o mesmo será ilustrado pelo artista Bráulio Menezes. Ideia louvável esta de editar uma poesia “nova”, entre nós, com menos de cem anos… Os nomes famosos de Afrânio Coutinho, Guilherme de Almeida e outros, informa que esta modalidade de poetar não é tão nova assim em nossas plagas, e até hoje, continuam proliferando os clubes de haikais, como o Grêmio de Haikai Ipê, de São Paulo, o Clube Sumaúma, de Manaus, etc.
Todos diziam que o Clube da Madruga- da, quando nasceu, era um “estado de espírito, sem sede, sem estatuto, mas congregando os melhores poetas de nossa “maloca”. Assim foi dito e assim feito. O Clube, com quase cinquenta anos de existência, bate um recorde nacional de permanência no “ar”. Com mais de cem títulos, de uma “juventude antiga”, onde seus participantes são quase todos setentões, mas o Clube existe! Assim é o haikai mantém uma linha aprumada que se espraia depois, levantando o tema ao seu mais puro sentido poético.
Os haikais de Manoel Domingos são um retrato quase histórico da sua cidade, cantando as esquinas e os fatos relevantes da Velha Serpa.
Por isso não faltam nomes conhecidos de pessoas e de lugares. Versos livres ou rimados à maneira do ranheta paulista Guilherme de Almeida, que preferiu a rima dos dois últimos versos.
O haikai tradicional de Bashô canta, em versos, a natureza na sua essência, elevando-a em palavras macias, cândidas e, acima de tudo, poéticas.
A poesia de Manoel Domingos é constituída pela gente da cidade de Itacoatiara, família ribeirinha tradicional do Amazonas, que sente a inspiração do assobio das esquinas nos dias de “friagem de junho”, quando a população se abriga dos ventos gelados da estação, que invade a tranquila província da ribeira.
A poesia está em tudo, e no menor abrir do sol, as borboletas invadem as praias da enchente ou da vazante, para comemorar a presença do rei que aparece no adeus do Verão.
A poesia está presente em tudo, e para reativá-la, saudemos os poetas!
ANÍSIO MELO
Poeta da Academia Amazonense de Letras
Sintonias de Itacoatiara
Em 120 HAI KAIS
Manoel Domingos
Igreja matriz
Quando olha para o Rio
Traduz nossa gente,
Ao pensar, Anísio
Flertou a antiga morada
No sumo da Serpa.
A nuvem sombreira
Desceu à Pedra Pintada…
Que baita enxurrada!
Ontem revi a Rocha
Das tropas e descobertas,
Viva a Bela Serpa!
As ruas de asfalto
Abrem sorrisos das motos,
À avenida parque…
O lanço da rede
É quimera e muita dor…
“Cadê” o peixe, amor?
Fim da piracema…
Sem peixe… o silencio medra
Na Ponte das pedras
No canto do Olímpio,
Conto, poema e vitória …
Nossa bela História.
No meio da praça,
Nem palmeiras e “bancários”
Só tristes cenários.
(1991)
Menino sem livro
A escola é seio da rua…
É o olho da lua?
Cosmos, Ar e verde,
Itacoatiara em canções…
Fecânicas composições.
No aningal cresceu
Um enorme matá-matá…
Pega lá, Piá!
TV a tardinha
Fecundação de dores
Incestos de flores.
A lua desbanca
A estrela no negro céu…
Por ciúme do verso.
Gênto … Gênio…Gênio,
Mas nem tanto cibernético:
Humano e cinético.
Fiz a borboleta,
Do olho daquele gato,
Natureza em pacto.
Continua na próxima edição….
*Natural de Itacoatiara/Am. Poeta, professor e escritor. Membro da Associação dos Escritores do Amazonas, da Academia de Letras e Cultura da Amazônia, da Associação Brasileira de Escritores e Poetas Pan-amazônicos e do Movimento Internacional da Lusofonia. Professor efetivo da UEA. Mestre e doutorando em Letras pela UTAD (Portugal). Fundador da Sociedade dos Poetas Porunguitás.
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