Manaus, 19 de setembro de 2024

Crônicas do cotidiano: A travessia do Rubicão

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Não estamos no ano 49 a.C., mas há um pouco mais de seis meses que tentaram entrar em Brasília com as armas da ignorância para destruir tudo. A travessia do Rubicão, só para recordar aos leitores, se refere à travessia de Júlio César sobre Rio Rubicão, que demarcava a fronteira entre a Gália e Roma. Era proibido entrar armado em Roma, mas César, destituído do comando das Províncias Romanas ao Norte, resolve atravessar as fronteiras da Gália com Roma, comandando seu exército armado para derrubar a República e tornar-se o Ditador Vitalício de Roma, dando início, assim, a uma dinastia que consolidaria o Império Romano em sua larga extensão. Como não somos europeus e muito menos Ocidentais, essa história não poderia dar certo como tentativa de aloprados aqui no Brasil. Onde ficaria o nosso Rubicão? Em São Paulo, com o seu Rio Tietê? As tropas se afogariam na poluição, morreriam de coceira. Seria no Rio São Francisco, que nasce em Minas e deságua no Nordeste? Sei não, águas puras da Serra da Canastra para uns, e muito agreste pela frente para outros. Seria o Rio Paraíba? Os paulistas tentaram isso na sua Revolução Constitucionalista de 9 de julho e foram derrotados em Queluz, pelas tropas Legalista do Getúlio. Dizem que o Comandante Militar de Minas, General Alípio Mourão Filho, no comando de sua legião, errou a rota do seu Rubicão Mineiro e chegou atrasado para o Golpe de 64, quando o General Castelo Branco já era o escolhido dos golpistas para assumir o poder.

Coisa de Doido, mas todo mundo quer um Rubicão para atravessar com gritos de vitória. Por isso o significado da sentença: “um ponto de não retorno”. A propalada Primavera Brasileira, aquela que os movimentos de abril de 2013 queriam parir, tentou atravessar o Rubicão e só conseguiu produzir uma extrema direita que começou a sonhar com seu próprio Rubicão a partir da República do Paraná, do golpe das pedaladas e de um sistema jurídico atabalhoado com suas demandas por protagonismo exaltado. E tudo que veio depois nós vivemos e nos deixou marcas indeléveis até chegarmos ao “8 de Janeiro”, que ainda não acabou e só acabará se conseguirmos desmascarar os seus autores. A Reforma Tributária, seria, então, o Rubicão de Lula, de Haddad, de Lira, dos lobistas diversos que atuam na Capital da República, em nome do Mercado? Para cada um, a seu modo, digo que sim! O Presidente, cumpre a sua promessa de campanha, mesmo tendo reconhecido que a matéria era pauta do Congresso. Haddad prova aos desafetos que entende de economia, de política e de paciência para negociar até o impossível. À Lira, foi a oportunidade de atravessar com sua tropa o seu Rubicão demonstrando poder, não para derrubar a República, mas para afastar-se estrategicamente do bando que tinha pretensões de derrubá-la. Os lobistas, cada um a seu modo, penduram-se nas “Emendas Aglutinativas” ao texto aprovado na Câmara e na sedução aos Relatores no Senado e, em alguns casos, na consciência dos votantes em plenário, complacentes com os “jabutis”.

Ficamos nós, das torcidas organizadas ou não, na expectativa desse IVA (Imposto Sobre Valor Agregado) para sabermos verdadeiramente quanto custa, em cada rincão desse país, uma agulha, um quilo de carne de boi, um automóvel. E sobre o valor de cada um, no nosso cupom fiscal, o imposto a ser pago pelo consumidor e recolhido para custear a coisa pública. O mais importante ainda não falaram: como é que saberemos se o comerciante, o prestador do serviço, o industrial, o rentista ou mesmo o herdeiro, recolheram mesmo o imposto devido ou deixaram de recolhê-lo? Vão discutir lá naquele tal CARF, onde já existem mais de um trilhão de reais sonegados por essa gente que se diz honesta? A mesma que paga o perfume da namorada, a viagem para Paris da mulher e dos Filhos ou compra carro de luxo, lancha, jatinho, todos subsidiados pelos que andam a pé, com o dinheiro da sonegação. E toda hora se queixam que o país tem a carga tributária maior do mundo, a mais complexa do mundo. Nunca dizem, com todo esse volume de sonegação, que é a mais fácil de burlar. A mais informal do mundo! Parece até que o nosso Rubicão é mais embaixo!

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