A mim me resta apenas o desejo
de perecer, seguindo algum espaço,
de naufragar na busca do que faço,
de reviver da forma em que me vejo
um flagelo de homem de tristeza,
proletário de um mundo sem sentido
que, quanto mais se busca, se é vencido
pelas farpas do tempo da pobreza.
Que me resta, senão a própria morte?
O fim, somente o ocaso faz-me eterno,
num horizonte assim a me ocultar.
A mim me restará também a sorte
de um homem que não soube ser moderno,
mas que viveu somente para amar.