Poema recolhido da obra “Pedra Pintada (uma viagem à cidade da minha primeira infância)”, ainda inédita.
Nasceu em Portugal e veio de Paris
onde era um elegante joalheiro,
tocado por íntimos desígnios
misturou-se aos mistérios da Amazônia.
Construído por alemães
em estilo normando, um dia
o prédio chegou às mãos de Oscar Ramos
o homem de Paris.
Há mais de cem anos essa casa
olha o rio e os remansos barrentos,
rio orgulhoso, senhor feudal
guardador de tantas histórias.
Os alemães abandonaram
o gótico das platibandas e das ogivas
dominantes na paisagem da cidade
nessa nobre construção.
Os tesouros da floresta ocuparam
os hábitos do joalheiro de mãos esguias,
e foram servir a outras terras
cheios de honra.