Manaus, 16 de abril de 2024

Onde há fumaça…

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Os homens desde sempre se comunicaram entre si. Notícias, boas ou más, sempre foram transmitidas de várias maneiras. Os primeiros a utilizar o sinal de fumaça foram os povos indígenas americanos. Comunicavam-se rapidamente, fazendo uma pequena fogueira com madeira seca.

Por muitos anos as cartas foram o meio mais popular de comunicação. No Brasil, Pero Vaz de Caminha relatou em carta a “descoberta do Brasil” por Pedro Álvares Cabral. A carta de Caminha é considerada hoje o mais importante documento a respeito do Descobrimento.

Meu avô Daou e dois irmãos emigraram do Líbano para o Brasil no início do século passado. Sua única irmã seguiu o marido para a longínqua Nova Zelândia. As cartas entre eles levavam meses para chegar. De Manaus para o Rio de Janeiro. Do Rio para Londres. Até alcançar o Pacífico Sul levavam até seis meses.

Cartas podem causar tragédias. Em Romeu e Julieta Frei Lourenço oferece a Julieta uma bebida que supostamente parecerá que ela está morta. Manda uma carta ao Romeu informando-o. Mas ele não recebe a mensagem do Frei. O conhecido final é trágico.

As cartas, até bem pouco tempo, eram esperadas com ansiedade. Os carteiros já foram personagens de muita poesia e ficção. A famosa canção “Mr. Postman” dos Beatles possivelmente não seria escrita nos dias de hoje. Namorados, amantes ou amigos quase não recebem cartas pelos Correios. Hoje tudo é pela internet.

Os telegramas, muito usados para se transmitir notícias com maior rapidez, estão em desuso. Mandar um telegrama era o modo usual para expressar condolências. Hoje temos o Facebook, Messenger ou e-mails.

Recentemente uma carta manifesto foi organizada por ex-alunos da Faculdade de Direito da USP, intitulada “Carta aos Brasileiros” em defesa da democracia e das eleições. Li nos jornais que documento similar foi subscrito pela FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e pela FEBRABAN – Federação Brasileira de Bancos. Aqui em Manaus já houve adesão por parte de algumas autoridades constituídas.

Na minha infância e adolescência vi muito filme de bang-bang. Ficava encantado quando os índios alimentavam as fogueiras com erva úmida e folhagem. Estavam se preparando para mandar mensagens. Usavam mantas para pontuar os sinais. As colunas de fumaça, geralmente simples e contínuas, são inesquecíveis e permeiam minha memória cinematográfica. Geralmente as mensagens eram enviadas do alto de uma colina ou do vale.

Desejo que tudo corra bem durante as eleições e que não haja bang-bang por aqui. Mas vamos ficar atentos. Onde há fumaça…

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