David de Vasconcellos Canavarro, médico paraense que se estabeleceu em Manaus e que dentre outras iniciativas criou e organizou o Largo de São Sebastião, inclusive, com a coluna de pedra em homenagem à abertura dos portos do Amazonas às nações amigas, e que foi anterior ao atual monumento, também fundou a Sociedade Ypiranga de Manaus, em 12 de agosto de 1861, na casa de Recreação Amazonense.
Com ele, na iniciativa, Manoel Gomes Corrêa de Miranda, Nuno Alves de Melo Cardoso, Leonardo Ferreira Marques, João José de Freitas Guimarães, Rufino Luiz Tavares, Joaquim Rodrigues Kelly, Agostinho Rodrigues de Souza.
O objetivo da nova entidade era promover os festejos de datas cívicas e relevantes para a Província, como o 25 de março e o 7 de setembro, além de manter um advogado para atender aos pobres e presos e socorrer os indigentes, sendo esta a primeira iniciativa de que se tem notícia neste campo de atuação social, e que, nos dias correntes, é realizado pelos governos.
A iniciativa foi bem aceita e recebeu a adesão de outras personalidades ilustres da época como João Martins da Silva Coutinho, Manoel F. Araújo, João Antônio Pará, padre Joaquim Veríssimo dos Anjos, Cosme Farias Teixeira, cônego Joaquim Gonçalves de Azevedo, Alexandrino Taveira Pao Brasil, Caetano Estelita, Joaquim Isidoro de Oliveira, Joaquim José de Moraes Navarro e Carlos de Cerqueira Pinto.
Pelos objetivos a Sociedade foi instalada com muita mobilização de convidados, na sede da presidência da Província, com toda a pompa para a época, como vivas ao Imperador do Brasil, à Constituição do Império, à Família Imperial e ao futuro da entidade. O presidente da Província ressaltou o interesse dos participantes da sociedade, e, para encerrar o evento, deu-se uma salva de fogos de artifício e uma passeata pelas ruas da acanhada cidade de então, tendo a frente uma banda de música, enquanto os fundadores da Sociedade seguiam dando vivas e soltando fogos.
A residência de João José de Freitas Guimarães serviu para as primeiras reuniões em agosto de 1861, e as festividades iniciais que a associação organizou deram-se em 7 de setembro em razão da Independência do Brasil. Teriam sido as maiores festas até então realizadas na cidade de Manaus. Girândolas pela manhã, música em todas as praças, execução do Hino da Independência em frente ao Palácio da Província, desfile pelas ruas da cidade, Te Deum na igreja matriz mandado celebrar pela Câmara Municipal, almoço especial para os presos na cadeia pública, Te Deum no fim da tarde na igreja dos Remédios. Na parte da noite, depois das 20 horas, a Praça do Pelourinho ficou toda iluminada e no coreto teve a apresentação da banda de música da Escola dos Educandos Artificies.
Desde a véspera a cidade estava em festa, seja com girandolas nas praças, iluminação especial, desfile de banda de música pelas ruas, ceia para os militares, discurso do comandante do Batalhão, e os navios no porto ficaram embandeirados.
O ponto alto do ponto de vista social e política teria sido na Câmara Municipal, cuja sede recebeu iluminação especial e recebeu a população com apresentação da banda de música e dança com duas quadrilhas.
Desde então as comemorações de interesse público passaram a ter um outro formato e a mobilizar maior interesse da comunidade, graças ao movimento que a Sociedade Ypiranga passou a realizar.