Um remanso de panema
poesia nada pequena.
Entre rios, encachoeirado,
desce entre um delta intrincado,
desce vazio de peixes,
desce deserto de pássaros,
é rouxinol de sonora
glória maior que a dos homens,
Rio Negro mar de estrelas
quando a noite vem sem lua
e corre igara serena,
um remanso de panema
poesia nada pequena.
Já outro é de festa intensa
e de compleição imensa,
rico de peixes e povo
de pássaros sempre novo,
a cada dia que passe,
a cada dia que vença,
Solimões rio que desce
sob o sol duro, dourado,
ao som de uma brisa amena,
um remanso de panema
poesia nada pequena.
Depois os dois se debruçam
amplos sobre um palco aberto,
celebram o eterno anelo
das águas negras, das aguas
e das águas amarelas,
misturam-se após o dialogo
amazônico, Amazonas,
mar dulce em delta de amargo
sobre o mar, canção suprema,
um remanso de panema
poesia nada pequena.