A presidente Dilma, à falta de argumentos sólidos, tem repetido exaustivamente a cantilena de que o processo de impeachment “é um golpe contra a democracia”.
Está aí a tradução mais perfeita do clássico ditado popular, segundo o qual o sujeito, quando insiste em não ver a realidade, quer, de fato, “tapar o sol com a peneira”. Dilma quer culpar os outros, achando que a maioria de nós é idiota, pelos seus próprios erros, como se ela não tivesse nada que ver com o atoleiro econômico, moral e político em que ela, Lula e seu partido jogaram o país.
Mesmo fragorosamente derrotada, com a aprovação de seu impeachment na Câmara, ainda veio a público, não para reconhecer humildemente que errou e para pedir desculpas, mas para dizer-se outra vez vítima de um “golpe”, que só existe em sua cabeça dura e na cabeça fanatizada de seus aliados, inclusive, vendo que aqui a “tese” não vingava, partiu para disseminar a farsa em cenário internacional, seja em entrevistas a correspondentes estrangeiros, seja pela ameaça ridícula de falar do assunto na ONU, o que se revelou novo tiro no pé, pois até ministros do STF, alguns dos quais outrora simpáticos ao seu governo, vieram a público para desmenti-la e recriminá-la.
Dilma em nenhum momento olha para o espelho ou para as pessoas que sempre lhe cercaram. Se fizesse isto, veria que, em verdade, ela própria, sua equipe e seus correligionários foram os principais sabotadores de seu governo, tanto que acabaram por aplicar, pela incompetência, pela arrogância, pela falta de diálogo com as forças políticas estabelecidas e, para dizer-se o mínimo, pela tolerância com os piores atos de corrupção de toda a nossa história, um acachapante autogolpe. Ninguém quer ou precisa dar “golpe” em Dilma. Dilma é vítima de si mesma e daqueles que vivem em seu derredor. A própria Dilma torna, a cada ação ou reação aloprada, insustentável a sua permanência na direção do país.
Se a presidente tivesse um mínimo de autocrítica ou de misericórdia para com o seu povo, renunciaria. Ao contrário disto, prometeu “lutar até o fim”, mesmo sabendo que perdeu as condições de governar, prolongando a agonia de um paciente terminal (o Brasil), torturando-nos com a sua falta de noção do papel que deve desempenhar um estadista. Dilma foi pequena na vitória e se torna menor ainda na derrota. E assim entrará para a história.