Caras leitoras e leitores, é recomendável verificar se o seu passaporte está em dia. E o visto para viagens ao exterior está válido ou precisa adquiri-lo? Já providenciou o seu Green Card? Entrou com o processo para obter a sua cidadania norte-americana? Se ainda não tomou todas essas providências, você poderá chegar atrasado às Eleições Presidenciais nos Estados Unidos da América (EUA) depois de perder tempo diante da TV brasileira assistindo telejornais, documentários, entrevistas e cobertura dos comícios; acompanhar as prévias, as convenções e as proclamações partidárias; e fazer apostas pelas loterias eletrônicas. Os métodos legais não lhe favorecerão e talvez seja preciso cair nas mãos dos “coiotes” de verdade, na fronteira com o México. Sei não, pode dar tudo errado: extorsão, deportação, delírios ao atravessar o deserto após a fronteira e quem sabe, depois de tanto sacrifício, descobrir que o eleito ou a eleita nada fará por você: será sempre um latino medíocre, que jamais alcançará a dignidade de um verdadeiro ocidental. Mas não é isso que se vê e ouve no Brasil, o dia inteiro. Todos os veículos de comunicação estão antenados e atentos aos mais íntimos movimentos do que se passa por lá. Voltam-se para interlocutores internos, apenas, para policiá-los e saber se falam mal deste ou daquele candidato ou se deixam de falar. Um batalhão de professores de Relações Internacionais, dos mais aos menos cotados cursos, são disputados a tapa para fazer comentários. Tradutores e Comentaristas de Economia relacionam os humores das campanhas e das pesquisas de opinião para justificar as tramas do “mercado”: e o dólar sobe, e o dólar desce; a bolsa em baixa ou alta! Tudo gera “incerteza” e “insegurança jurídica”. Os “analistas”, portanto, recomendam “juros altos” e “mais cortes nos gastos do Governo brasileiro”!
Esse discurso fajuto do jornalismo “vira-lata” brasileiro já cansou! O telespectador ou leitor começa a perceber suas artimanhas e descobre que ele evita revelar o que por certo deveria: dizer a quem serve e não ficar usando covardemente o jornalismo, apostando na ignorância, nos vícios, nos algoritmos e na alienação do seu público, falseando os fatos. Emissoras de TV exploram tanto os seus jornalistas que alguns, até renomados, de tão desfigurados, nos obrigam a uma mudança de canal. Um deles, empenhado em condenar todos os atos de governo, chegou ao cúmulo de dizer que “o Presidente da República prejudicava o país todas as vezes que abria boca”. Uma outra, mandou o Presidente da República calar-se como se fosse um néscio, usando a infame expressão de um Rei Corrupto e Colonialista da Espanha. Querem tanta coisa e nem percebem os níveis de saturação do seu discurso. Triste imprensa brasileira! E só cabe um recado aos que têm alguma dignidade: que persistam. Aos que estão chegando, que evitem o contágio com essa gente. Aos que estão se preparando, que aprendam a encarar a verdadeira luta do jornalismo pelo dizer melhor.
Poderíamos até pensar que o procedimento covarde da imprensa brasileira, que não revela claramente o seu lado nos enfrentamentos aos fatos objeto de suas coberturas em profundidade, se deve à opção pura e simples por mais audiência. Parece não se tratar disso. Há uma motivação política quase cristalina: a defesa dos interesses escusos da elite brasileira em todos os tempos, que vê a pobreza como necessária à perpetuação das suas vantagens e daí a necessidade de derrotar projetos políticos e econômicos que ameacem o patrimonialismo, o rentismo e a supremacia arrogante de suas estirpes. Jornalistas, Intelectuais Orgânicos, Militares, Políticos e Pelegos que sucumbem às benesses do poder são úteis à manutenção do sistema, para que este não corra os riscos inerentes ao emprego da força bruta. Daí o casamento com a extrema direita internacional!
As eleições nos EUA não deixam de ser importantes, mas transmudar-nos para lá, usando isso como uma cortina de fumaça para não tratar dos problemas nacionais como as eleições custeadas com o dinheiro do povo e que, via de regra, descambam para o mal feito; as sonegações descaradas com o nome de desoneração; as privatizações duvidosas; as emendas Pix, sua origem e destino, é negar a vigilância que a imprensa sabe e deve fazer. É quase um crime de lesa pátria!
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