Manaus, 22 de novembro de 2024

Sessões contínuas

Compartilhe nas redes:

Em tempo de “streaming” vejo um filme como quiser, onde quiser, quando quiser. Com interrupções. Ou sem interrupções.

Houve um tempo em que íamos aos cinemas e havia sessões contínuas. Não havia shopping centers. Os cinemas eram nas ruas das cidades. Geralmente nos centros. Havia cinemas nos bairros também.

As sessões geralmente começavam as 14:00 horas. Havia sessões as 14:00, 16:00, 18:00, 20:00 e 22:00 horas. E eram contínuas. Essa prática era muito comum em cinemas durante décadas.

É nostálgico. Os cinemas de rua acabaram. Viraram lojas, edifícios comerciais. E pasmem! Muitos em várias cidades viraram igrejas.

Acabaram os cinemas de rua e as sessões contínuas. Será que preciso explicar o que eram sessões contínuas? Sim, preciso. Meus filhos e meus sobrinhos não sabem o que eram as sessões contínuas. Explica-se:

Os cinemas em geral permitiam que as pessoas chegassem a qualquer momento para assistir aos filmes.

Como já dito, a primeira sessão era as 14:00 horas. Podíamos chegar as 15:00, assistir do meio para o fim. E então esperava-se o início da outra sessão para ver a primeira parte do filme.

Nos cinemas havia os lanterninhas. Eles iluminavam o caminho dos frequentadores até uma cadeira vazia. E eram responsáveis por pedir silêncio e até expulsar quem se excedia no barulho, na bagunça ou até mesmo num beijo mais audacioso.

Havia os que viam o filme em uma sessão e namoravam na outra. Ou vice versa.

Com o tempo, surgiram os shoppings com uma nova forma de exibição. Os cines multiplex oferecem várias salas de cinema em um único local. Geralmente shoppings. A nova dinâmica possibilitou ao público escolher entre uma variedade de filmes e horários. Foi o fim das sessões contínuas.

Tive um professor na faculdade que dava a mesma aula para as turmas A e B. Na nossa turma A de oito ás dez. Na turma B de dez ao meio dia. Certo dia cheguei atrasado. O mestre perguntou-me:

Vai assistir a sessão contínua?

Recebi e-mail de Brasília no qual um colega me informa que o mestre havia falecido. Esquecido num asilo. Acabaram as sessões contínuas.

Mas a vida continua. Como ela é!

Views: 4

Compartilhe nas redes:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

COLUNISTAS

COLABORADORES

Abrahim Baze

Alírio Marques