Manaus, 3 de dezembro de 2023

Polêmica antiga

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Nas redes sociais apareceu uma nota de repúdio de evangélicos, sobre a exposição de um beijo entre duas mulheres (idosas) em novela da rede Globo. Não vou ver essa cena porque não gosto de novelas e a última e única que acompanhei foi Roque Santeiro, no século passado. O tema, entretanto me fez lembrar que essa questão está presente na história da humanidade, desde nossos longínquos ancestrais (no tempo e no espaço) até nossos regionais precursores na ocupação da Amazônia e por isso escrevo esse texto como contribuição aos que olham o tema de forma cética.

Pois bem, conta a história que em uma serra muito alta, chamada Tacamiaba, constantemente batida pelos ventos gelados dos Andes, moravam as Amazonas, mulheres guerreiras que viviam sozinhas refutando a ajuda dos homens e que, em certas épocas recebiam a visita dos Guacaris que ficavam com elas durante alguns dias. As filhas decorrentes dessa união eram criadas pelas mães, enquanto os meninos eram mortos ou entregues aos pais no próximo ano.

AS MULHERES GUERREIRAS.

Essa história repete a lenda das “amazonas” asiáticas que com 18 anos se submetiam à ablação do seio direito para terem bom desempenho com o arco, sendo o termo “amazonas” uma junção da partícula a=sem + mazos=seio, ou mulheres sem seio. Outros historiadores afirmam que antes dessas guerreiras da Capadócia, (1600 a.C.) existiam na África mulheres conquistadoras que combatiam duas a duas, unidas por um cinto e por juramento. Nesse caso a origem do nome para essas “amazonas” negras era o grego ama=união + zona=cinto, um acessório que ajudava a guardar seus votos de castidade. No século XVI, dominado pela imaginação se acreditava que em algum lugar do Planeta, havia um reino banhado de sol, cortado por um mar branco, cuja capital – Manoa – tinha palácios de ouro ornados com pedras preciosas e dominada por um rei a quem chamavam de El Doré.

DOIS CURIOSOS.

Atraídos por essa história, Gonzalo Pizarro, irmão de Alonso Pizarro que conquistou o Peru e Francisco Orellana vieram em busca desse Eldorado, porem se separaram e enquanto Pizarro voltou para o Peru sem nada, Orellana conseguiu descer o Mar Dulce e retornar à Espanha.

OS CONTRATEMPOS.

A verdade é que Orellana, sem histórias de heroísmo para contar, inventou um ataque das “amazonas” da floresta tropical. Historiadores dos primórdios do Brasil, entre os quais Pero de Magalhães Gandavo (o primeiro a contar a história do Brasil em um Tratado publicado em 1576) alimentaram essa lenda falando sobre a existência de tribos indígenas nas quais algumas índias faziam votos de castidade e mantinham-se sem qualquer contato com homens, preferindo morrer a romper seu celibato. No entanto cada uma delas tinha uma mulher que a servia e com a qual se declarava casada, com esses pares mantendo relações íntimas como as que existem entre marido e mulher. A castidade, nesse caso, era apenas relacionada ao contato com homens.

Ainda que essas mulheres guerreiras não tenham existido, a repetição dessa lenda de várias partes do mundo aqui na floresta amazônica parece apenas ser mais um indicativo da existência de união entre mulheres, sinalizando que essa é uma prática existente desde priscas eras, em muitos locais da Terra.

Esse tema inserido em uma novela traz o passado para o presente, resgatando a história, deixando para a moralidade, a aceitação (ou não) dessa inclusão em rede aberta de TV, em horário nobre. Não tenho qualquer preocupação com esse tipo de vida, mas entendo que a sexualidade de cada um deve se manifestar de acordo com sua própria essência e por isso não combato nem apoio a inclusão desse assunto em um canal de grande audiência.

Minha posição sobre isso (sou do século passado) diz que as individualidades devem ser preservadas e nisso incluo todas as particularidades da vida de cada um. Penso que as atrizes, o autor e o diretor da novela e da rede de TV, não se sentiriam a vontade para mostrar p. ex., suas intimidades em um sanitário, satisfazendo suas urgentes necessidades gastrointestinais. Para mim a vida sexual é individual e cada um a vive segundo suas vontades, mas para não parecer “careta” digo que, como homem-macho adulto gosto de ver corpos esculturais de mulheres e cenas picantes. E os teveleiros e noveleiros que desliguem a TV quando discordarem da exibição de cenas que consideram agressivas aos seus princípios morais, éticos e religiosos, o que significa manter o equipamento sempre desligado.

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