Manaus, 28 de novembro de 2023

Que turismo é este?

Compartilhe nas redes:

Nas janelas do apartamento (alugado) onde moro que fica no vigésimo andar de um prédio situado na região central de Manaus, com três janelas voltadas para o rio Negro, recebo a sensação de paz própria das superfícies líquidas e tranquilas de rio e lagos, observo o céu às vezes ameaçador outras cheio de promessas de luz, olho a ponte sobre o rio Negro, acompanho a movimentação de pequenos barcos e sou testemunha da chegada de grandes navios trazendo turistas. Examino a circulação de veículos e transeuntes e, pela visão panorâmica que desfruto, posso me considerar um expectador privilegiado do cenário da vida manauara.

Do alto e de baixo

Evidentemente não me contento apenas em olhar minha cidade do alto de um prédio e, todos os dias, pela manhã, vou ao Centro nem que seja apenas para tomar um cafezinho no Rio Negro Center (24 de maio), fazer minha fezinha na loteria e depois caminhar meus 4.500 passos diários obrigatórios pelas calçadas (?!) e praças. Eventualmente vou ao banco onde tenho meus minguados reais e onde pago contas e/ou tiro dinheiro. Só deixo de ir ao centro quando meus compromissos e trabalhos através da internet me obrigam a ficar em casa ou tomar outro rumo. De qualquer  forma, quero dizer que lá em baixo, no espaço partilhado com a população, a beleza da paisagem se recolhe atrás do verdadeiro caos urbano causado pela incompetência e/ou pela falta de amor e compromisso com a cidade onde os dirigentes nasceram ou foram acolhidos.

Um episódio assustador

Semanas atrás entrei em um restaurante na Rua 24 de maio e, fui recebido por um enorme rato que atravessou o salão de refeições raspando meus pés. Comentei com o garçom que estava ao meu lado e ele disse não ter visto nada, certamente com medo de perder o emprego. Saí imediatamente do local e logo na esquina com a Eduardo Ribeiro um homem descascava tucumã provavelmente com suas mãos sujas de restos de rato e de suas próprias secreções e excreções.

O turismo e os turistas

Em todos os locais turísticos do Brasil os visitantes compartilham a cidade com seus habitantes, seja em restaurantes, em shoppings, em praias, em clubes noturnos, em lanchonetes, etc. Em Manaus, os turistas visitam apenas o Teatro Amazonas (única atração urbana?) preferindo os ambientes naturais e os hotéis de selva. Os poucos que se arriscam a subir a Eduardo Ribeiro a pé para visitar o Teatro Amazonas  têm que descer do navio e atravessar ruas e avenidas imundas, lotadas de camelôs e vendedores ambulantes que não têm a mínima noção de civilidade. Alguns ambulantes empurram pelas calçadas apinhadas de gente, carrinhos com comidas e bebidas de qualidade duvidosa, sem se importar com ferimentos que possam causar nas pessoas que por lá transitam.

Na última sexta feira, vi um camelô estrangeiro que balança um cabide com sachês de péssimo cheiro, atingir um turista de idade que, pediu desculpas ao agressor (sorry) que, evidentemente não entendeu a ironia do fato.

Esse desmazelo que mistura ratos e “out laws” na região central de Manaus é culpa exclusiva dos governantes que precisam sanear a cidade da imundície e dos camelôs (não adianta criar outro termo para ganhar voto) exterminando a sujeira e aliviando a cidade dos males que ratos e camelôs causam sejam eles sanitários, estéticos, fiscais, ambientais, etc.,etc. Não entendo porque não se usa o ex-Anexo do Palácio da Justiça (José Clemente), o prédio abandonado do INSS (Quintino Bocaiuva), o velho Correio (Marechal Deodoro), aquela loja enorme e abandonada na Eduardo Ribeiro, ao lado do Banco Santander. Essa utilização, contudo, não pode ser gratuita. O poder público deve obrigar os camelôs a formar uma associação para fazer o contrato de cedência, locação ou compra dos imóveis a preço justo (não subsidiado) e se responsabilizar pela manutenção do prédio, com fiscalização, sem corrupção. Chega dessa iniquidade de dar dinheiro público para quem sonega imposto e emporcalha (esse é o termo) a cidade ao mesmo tempo em que cobra imposto pesado de quem trabalha. Manaus não pode ser apenas um depositório de votos de cabresto e de gente que enriquece ilicitamente.

Compartilhe nas redes:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

COLUNISTAS

COLABORADORES

Abrahim Baze

Alírio Marques