Manaus, 3 de dezembro de 2023

XPTO

Compartilhe nas redes:

A principal tradução dessa sigla é a que indica ser ela uma abreviatura do nome, em grego, de “Christus” significando aquele que recebeu os óleos sagrados, o ungido. Em Portugal antigo essa abreviatura passou a ser sinônimo de coisas muito boas, sofisticadas, excelentes e talvez seja essa a razão que levou uma fábrica instalada em Manaus na época da borracha, a denominar seu produto de “cerveja XPTO”. Nunca provei essa bebida, porque na minha juventude a grande maioria dos jovens respeitava as ordens dos pais e o meu era intransigente com fumo e bebida. Hoje, embora raramente, tomo um copo de cerveja (prefiro chopp), mas o gosto me faz lembrar que a atual fábrica de cerveja, instalada no mesmo lugar (Bairro dos Tocos, ou Plano Inclinado, ou Aparecida), não pode usar o nome XPTO, pois a qualidade não é excelente e porque sua filial instalada na Constantino Nery tem o péssimo costume de lançar, durante a madrugada, seus efluentes coloridos e fedorentos no igarapé que separa o Sambódromo da Vila Olímpica.

SOCIEDADE E CAOS.

Se fosse aproveitar a sigla para elencar fatos excelentes da vida política brasileira esta coluna sairia em branco, pois os detentores do poder e grande parte da sociedade perderam o sentido da ética, da moral, da sobriedade, da postura e compostura adequadas, e esse comportamento atinge profundamente, parte considerável das pessoas desde a classe dominante até os escaninhos mais escondidos da cidade onde habitam os absolutamente excluídos. A obsessão pelo dinheiro, pela fama, pelo poder, dispensa qualquer conduta alicerçada em preceitos de ordem valorativa e moral de indivíduos cujo conjunto forma a sociedade do caos. Não satisfeitos com a implosão da excelência, os donos do poder, todos os dias divulgam justificativas torpes para a corrupção, para a incompetência, para o desrespeito, para a usura, etc., como a que foi feita por Lula da Silva que orientou os torcedores a irem de jumento para os estádios, uma sugestão que só teria validade real se depois da copa ele fosse para um hospital público tratar seus problemas na coluna.

O CONHECIMENTO FAZ A DIFERENÇA.

A falta de saberes aliada à desfaçatez configura um enorme problema porque os candidatos e os formadores de opinião que fazem parte da classe política (no mau sentido) divulgam ideias absurdamente distorcidas, mal sedimentadas e fruto da ignorância que parece ter se tornado um fator importante para ganhar prosélitos, pelegos e votos.

EXEMPLO EMBLEMÁTICO.

Um político local, com mandato popular, na última quarta-feira, em sua coluna de um tabloide local, tentou abordar um tema politicamente importante, porem sua infantilidade teórica só deve receber o aceite de quem o cerca e/ou votou nele. O assunto de grande relevância para o momento atual da vida brasileira aborda o contraste entre a passividade da sociedade e a atitude de revolta contra as atitudes do poder (do qual ele faz parte) e que, a cada dia, se torna mais ditatorial porque age para se perpetuar no poder, não pela força das armas, mas pela exploração das dificuldades e fragilidades dos mais fracos, usando o modelo “pão e circo” ou bolsa esmola e copa do mundo.

O absurdo da abordagem reside no fato de ele ter usado como exemplo, a estapafúrdia história de um ambientalista (sic!) que coloca um sapo em uma vasilha cuja água é progressivamente aquecida. Diz ele (o político, e não o sapo), com total desfaçatez, e sem nenhuma prova experimental, que o sapo assim colocado vai se adaptando ao ambiente adverso, enquanto outro sapo colocado abruptamente na água quente reage imediatamente e pula para fora.

Em toda a minha (longa) vida científica e docente (e decente), nunca vi exemplo mais grotesco. Quem pode imaginar que um ambientalista cometa uma agressão desse tipo (ou de qualquer outro) contra um animal, contra os seres vivos ou contra a natureza? Não sou ambientalista (stricto sensu), mas um ecólogo-humanista (não confundir com ecologista) e nessa condição penso que se à deficiente educação formal for aliada uma educação informal e não formal de péssima qualidade, o futuro do Brasil, além da copa, não revela boas sinalizações. Como tenho dito e escrito muitas vezes: “a ingnoranssa astravanca o progressio”.

Para obter clareza emblemática para o tema, o articulista deveria ter usado o exemplo de políticos (no mau sentido) que ao perceber que o clima em seu grupo político vai esquentando e ameaçando suas pretensões, não espera a “água ferver” e pula fora procurando outro ambiente onde tem mais chances de auferir vantagens políticas e financeiras.

Compartilhe nas redes:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

COLUNISTAS

COLABORADORES

Abrahim Baze

Alírio Marques