Manaus, 19 de junho de 2025

Manaus de muitas nacionalidades

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Mais um aniversário de Manaus, cidade construída pelo suor de imigrantes. Nunca devemos nos esquecer disto. Primeiro, os índios, que contribuíram com alguns alimentos fundamentais para a humanidade: amendoim, mandioca, batatas, milho, agricultura seria quase de groselhas. Depois os portugueses, colonizadores, que introduziram a escravidão e trouxeram os negros africanos.

E a seguir os nordestinos, especialmente os cearenses. A conjugação de períodos de seca e depressão econômica, levaram o nordeste brasileiro, especialmente o Estado do Ceará, a participar com o maior número de imigrantes, que a partir de 1877 foram chegando em levas desordenadas, para a seguir se transformar numa rotina perversa, resultando num quadro de terrível de exploração humana. Milhares de lavradores pobres, iludidos por contratadores, deixaram suas terras áridas um pouco antes do ciclo da borracha, empurrados pelas perseguições, fome e discriminação, judeus sefarditas-marroquinos, bem como de outros grupos culturais da Europa e Oriente Médio, aportam na Amazônia a partir de 1810, a maioria procedente de Tanger, Tetuan, Fez, Rabat, Sale e Marrakesh. Em Belém, fundaram em 1824 a sinagoga Essel Abraham, a primeira do Brasil depois de mais de duzentos anos. Era uma imigração bem preparada, com homens e mulheres educados para o trabalho, que logo ocupariam importantes nichos empresariais, especialmente no comércio, na exportação e importação, na indústria e na cultura. Outra corrente migratória importante foi a dos sírio-libaneses. No final do século XIX, com o crescimento da economia do látex, levas inteiras de homens e mulheres deixaram suas cidades e aldeias, como Baalbeck, Ghazir, Dimen, Beirute, no Líbano, e Ayo, Hamma e Damasco, na Síria, para reconstruir sua existência na Amazônia. Gente persistente, apegada ao sentido de família, sóbrios e inteligentes, logo estavam concorrendo com os outros imigrantes, superando as barreiras do preconceito e formando novos costumes e introduzindo novos valores culturais, Foram os sírios-libaneses que trouxeram para a região o sistema do crediário, trazendo para um mercado elitista a população pobre. Outros grupos étnicos e culturais também vieram contribuir para a formação da Amazônia moderna. Em 1867, com a derrota da guerra da secessão, centenas de confederados, sob a liderança do major Warren LansfordHasting, deslocam-se para a cidade de Santarém, ocupando depois outras localidades do baixo amazonas.

Da construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré, ficou o extraordinário legado dos trabalhadores de Barbados e Jamaica, que ficaram em Rondônia e ali imprimiram fortes sinais de sua presença. Dos europeus, além da constante e ininterrupta imigração portuguesa, há que se destacam a presença dos italianos. Oriundos em sua grande maioria de cidades e vilas do sul da Itália, especialmente das empobrecidas províncias do Mezzo Giorno, Potenza e da Sicília, os italianos se destacaram na Amazônia nos campos da educação, arquitetura, música, comércio e indústria, artes cênicas e na introdução, junto com os espanhóis, dos primeiros movimentos operários organizados. Os últimos grupos de migrantes estrangeiros a chegarem aqui foram os japoneses, que a partir de 1928 começaram a se instalar nos municípios dê Monte Alegre, Marabá, Bragança e Conceição do Araguaia, e em Manaus. Todo esses contingente humano, tangidos pela miséria e armados do desejo de sobreviver, vieram reconstruir suas vidas atribuladas – e alguns tiveram sucesso, numa prova de que nossa Manaus é um território das Américas, parte do fascínio do Novo Mundo, lugar de trabalho, de alegrias e território de esperanças.

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